domingo, 3 de janeiro de 2010



Ítalo Calvino
Um outro olhar sobre o que todo mundo ver


Publicado no século XX, As Cidades Invisíveis foi uma das mais célebres obras deixadas pelo escritor italiano Ítalo Calvino.
Em 1923 nascia em Cuba, mas passou a sua infância na Itália, lugar de origem de seus pais. Depois de abandonar a Faculdade de Agronomia de Turim, ingressa na Resistência Italiana contra o exército nazista, participação essa que o fez publicar o seu primeiro livro, quando já era doutor em letras, em 1947. A partir de 1950 começa a escrever suas obras de maior relevância internacional como O Visconde Partido ao Meio; O Barão Nas Árvores e O Cavaleiro Inexistente.
Le Città Invisibili, como foi publicado pela primeira vez em 1972, tem sua versão traduzida para o português em 1990 por Diogo Mainard e publicado pela Companhia das Letras. Esta publicação reúne em 150 páginas histórias fantásticas de “cidades invisíveis”, ou no mínimo, da forma que Marco Pólo, o viajante contador dessas aventuras, via ou imaginava, talvez.
A obra de Calvino traz como personagens, o já mencionado Marco Pólo: o lendário viajante veneziano, que tinha como função observar as cidades por onde passava e contar para o imperador do reino, o Kublai Khan – o segundo personagem da trama. Este ouvia atentamente tudo o que o seu servo lhes falava, pois tinha o desejo de tornar o seu reino perfeito, e nada melhor para isso do que copiar as formas mais perfeitas das outras cidades, que por sinal, tinham todas, nome de mulher: Olívia; Leandra; Záira e outras mais.
Para contar as incríveis histórias, Ítalo agrupou as 55 cidades em 11 temas, cada uma com cinco aparições: As cidades e a memória; As cidades e os desejos; As cidades e os símbolos; As cidades Delgadas; As cidades e as trocas; As cidades e os olhos; As cidades e o nome; As cidades e os mortos; As cidades e o céu; As cidades contínuas e As cidades ocultas. Cada tema com a sua particularidade.
As Cidades Invisíveis vai ajudar o leitor a ter uma visão diferente sobre como olhar uma cidade, ou até mesmo a sua própria cidade. Ítalo descreve coisas de seu íntimo, coisas que ele notava na cidade, e não aspectos físicos visíveis a qualquer um que passasse até mesmo despercebido. Com essas narrativas, podemos observar que para conhecer realmente uma cidade não basta conhecê-las por meio de atlas – como fazia o rei Kublai Khan – ou simplesmente por ouvir os outros contarem, pois cada um conta segundo a sua subjetividade. Tanto foi que ao final, Khan não conseguiu montar o seu reino da forma que queria, talvez porque aquelas cidades nunca existiram de fato, ou porque ele não poderia dizer efetivamente que as conhecia.
A leitura é recomendada a todos os estudantes ou não, que queiram ter uma visão diferente sobre as cidades, sua, e as demais pelas quais passarem. Serve também de base para estudantes sociais entender como as cidades se comportam.
A escrita do autor é um pouco rebuscada, o que ajuda o leitor a ampliar o seu vocabulário – nada que um bom dicionário ao lado não ajude. Mas isso não impede que o livro tenha uma leitura prazerosa e corrida, apesar de serem vários contos pequenos, outras vezes grandes e intercalados por diálogos entre Kublai e Marco, que nos ajudaram a entender melhor – ou decifrar – de onde vêm as cidades mostradas pelo viajante.

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